PT chama de “democrática” farsa eleitoral de Maduro e reconhece “vitória” do ditador
Partido dos Trabalhadores se antecipa ao governo Lula ao saudar o povo venezuelano pelo que chamou de "uma jornada pacífica, democrática e soberana"
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
As eleições na Venezuela têm sido um tema controverso e frequentemente envolto em alegações de fraude e irregularidades. Nos últimos anos, principalmente durante os mandatos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, a oposição, observadores internacionais e várias organizações de direitos humanos têm levantado preocupações sobre a transparência, legitimidade e equidade dos processos eleitorais.
Algumas das principais alegações de fraude incluem:
Manipulação do Registro Eleitoral: Acusações de que o governo manteve listas de eleitores não atualizadas, incluindo pessoas falecidas ou em situação irregular.
Intimidação e Coação de Eleitores: Relatos de que membros do governo e das forças de segurança intimidaram eleitores, principalmente em áreas onde a oposição era mais forte.
Desigualdade dos Meios de Comunicação: O governo controlou a cobertura midiática de maneira que favorecia o partido no poder, limitando a visibilidade das campanhas da oposição.
Interferência em Instituições Eleitorais: A independência do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) foi questionada, com alegações de que seus membros eram próximos ao governo.
Abuso de Recursos Públicos: Uso de recursos do Estado para promover a campanha do governo e, ao mesmo tempo, dificultar o acesso da oposição a esses mesmos recursos.
Deslocamento e Exclusão de Opositores: Muitos líderes da oposição enfrentaram prisão, exílio ou restrições que impediram sua participação efetiva nos processos eleitorais.
Essas questões contribuíram para a desconfiança em relação aos resultados das eleições venezuelanas e levaram vários países e organizações internacionais a não reconhecer certos pleitos como legítimos. A situação política na Venezuela é complexa e continua a evoluir, com tendências de crise humanitária e políticas acirradas.
Mas mesmo assim, PT chama de “democrática” a farsa eleição na Venezuela.
A Executiva Nacional do PT divulgou uma nota na noite de segunda-feira, 29, para saudar o povo venezuelano “pelo processo eleitoral ocorrido no domingo, dia 28 de julho de 2024, em uma jornada pacífica, democrática e soberana”.
O partido se antecipou, assim, ao próprio governo Lula, que ainda aguada esclarecimentos que embasem a proclamação da vitória do ditador Nicolás Maduro (foto) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.
Playvolume00:17/01:00TruvidfullScreen
A nota do PT diz o seguinte: “Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que apontou a vitória do presidente Nicolas Maduro, dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela”.
É difícil entender de onde sai essa certeza do PT. Não apenas a oposição foi impedida de acompanhar a apuração dos votos, como o procurador-geral da República denunciou três dos opositores de Maduro por um alegado ataque cibernético durante a contagem dos votos.
Diálogo com a oposição?
“Importante que o presidente Nicolas Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais”, diz o partido na mensagem, que termina assim:
“O PT seguirá vigilante para contribuir, na medida de suas forças, para que os problemas da América Latina e Caribe sejam tratados pelos povos da nossa região, sem nenhum tipo de violência e ingerência externa.”
Protestos
Enquanto o PT celebra a “vitória” de Maduro, a oposição reivindicou a maioria dos votos na eleição presidencial. Os opositores afirmam ter em mãos 70% dos boletins de voto, que atestariam a vitória de Edmundo González com mais do que o dobro dos votos de Maduro.
Maria Corina Machado, líder da oposição, declarou que todas as atas disponíveis foram verificadas e digitalizadas para publicação online, para permitir que todos possam ver as provas da derrota de Maduro nas urnas.
Esse anúncio ajudou a fomentar protestos em todo o país, com manifestações intensas em Caracas que foram dispersados pela polícia. Em cidades como Puerto La Cruz e Coro, estátuas de Hugo Chávez foram derrubadas.